O jornalismo de ideias tem ao mesmo tempo missão política e pedagógica. É difusor de conceitos e criador de embates. Surgiu numa época fértil e repleta de transformações, como a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa e os movimentos liberais ibéricos.
É um tipo de jornalismo que propaga novas ideias dirigidas ao povo, e sua característica fundamental é ser uma imprensa de massas. Ele pode ser chamado de jornalismo participativo, pois enfatiza a liberdade de imprensa, tanto que tem como fundadores revolucionários franceses, os girondinos e jacobinos.
Foi por meio deste gênero que houve a propagação da necessidade de igualdade, fraternidade e liberdade e posteriormente a criação da declaração dos direitos do homem e do cidadão. Este tipo de jornalismo serve e serviu muitas vezes como arma para expressar e consolidar críticas, opiniões e atitudes de pessoas sem voz em seu país e no mundo, e através dele os primórdios da democracia começaram a surgir.
No Brasil, este tipo de jornalismo teve como exponente o panfleto, dos quais diversos grupos ideológicos expressavam-se contra ou a favor da política e das idéias vigentes no país. Pode-se destacar o movimento abolicionista que, por meio da imprensa ajudou a mudar a história do país e que teve como principais defensores José do Patrocínio e Joaquim Nabuco, ambos jornalistas.
Este gênero sempre foi um dos mais vetados pelos governantes, por revelarem a verdade ao povo. Desde a monarquia até a ditadura militar tivemos longos períodos em que expressar ideias era crime e ilegal, como exemplo disso temos a ditadura de Vargas e a sua DIP ou o AI-5 da ditadura militar instaurado em 1968 e que durou cerca de vinte anos.
Atualmente esta vertente perdeu um pouco de sua força, pois a maioria dos países do mundo vivem democraticamente, além também do fato da população mundial ter perdido um pouco de seu caráter contestador e ter adquirido o caráter de acomodação e a expectativa de ter sempre alguém para lutar pelos seus interesses.
Por fim o jornalismo de ideias não depende dos jornalistas e das notícias, e sim da população, pois somente ela sabe o que merece crítica, contestação ou comemoração.
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2 comentários:
Primeiramente, gostei do blog!!
O uso de cores e o nome "discórdia" foram bem criativos.
No que diz respeito a este texto, gostei do trecho no último parágrafo que diz: "ter adquirido o caráter de acomodação[a populaçao] e a expectativa de ter sempre alguém para lutar pelos seus interesses".
As pessoas hoje em dia são apáticas e agem com indeferenças as chagas da nossa sociedade. Se um político corrupto rouba e os jornais do país todo colocam um enorme título em suas primeiras páginas escrito "político tal roubou tantos milhões", ninguém faz nada, no máximo encontra um amigo para dizer "vc viu o que aconteceu? Um cara desse tem que ser preso".pronto, aí morre a história. O jornalismo de ideias existe não para fazer revolução, mas para movimentar as pessoas e para enriquecer o senso crítico delas. Se as pessoas são indiferentes com o que acontece com elas mesmas, esse tipo de jornalismo se torna um tanto defasado e faz com que as informações sejam transmitidas para serem jogadas ao vento.
O caso da apatia da população também está naquela ideia que Ramonet disse sobre o messianismo midiático, em que o público acredita em um dia encontrar um messias que combata os males da sociedade. Esse messias pode até vir a existir um dia, mas o problema é que a sociedade só vence quando todos lutam.
Abraço!!!
Erick Paytl.
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